O que é gerontopsicomotricidade?
O envelhecimento envolve transformações físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Nesse contexto, a gerontopsicomotricidade surge como uma abordagem que procura integrar corpo, mente e vínculo, oferecendo um olhar mais completo sobre a pessoa idosa. Não se trata apenas de trabalhar a motricidade, mas de recuperar o sentido do movimento e de estimular a expressão afetiva. Essa prática promove autonomia, autoestima e qualidade de vida, transformando cada gesto em uma oportunidade de comunicação e de encontro.
Mais do que exercícios ou protocolos rígidos, a gerontopsicomotricidade cria espaços de relação. Ao mesmo tempo em que mobiliza o corpo, ela convida ao diálogo, à escuta e ao reconhecimento de histórias pessoais, fortalecendo a dimensão humana do cuidado.
Por que é importante nas ILPIs?
Nas Instituições de Longa Permanência para Idosos, a diversidade de condições clínicas, trajetórias de vida e necessidades é evidente. Nesse cenário, a gerontopsicomotricidade revela-se um recurso valioso, capaz de ajudar as equipes a identificar precocemente sinais de declínio funcional e cognitivo, estimular o engajamento em atividades significativas e valorizar a subjetividade de cada residente. Ao mesmo tempo, favorece a integração entre diferentes áreas do cuidado, como fisioterapia, psicologia, enfermagem, terapia ocupacional e educação física, criando uma rede verdadeiramente interdisciplinar.
Quando o movimento é compreendido como linguagem, o cuidado deixa de ser apenas técnico. Ele passa a preservar vínculos, estimular relações e oferecer experiências que dão sentido ao dia a dia institucional. A rotina das ILPIs, muitas vezes marcada por desafios, ganha novas possibilidades de construção de bem-estar e de pertencimento.
Evidências na prática
A relevância dessa abordagem tem sido reforçada por evidências científicas. Um estudo recente realizado em Portugal com idosos institucionalizados (Oliveira et al., 2024) demonstrou que a intervenção psicomotora, aplicada em três sessões semanais durante quatro meses, foi capaz de preservar o equilíbrio estático, considerado um ganho relevante diante da elevada média etária dos participantes, que ultrapassava os 86 anos. Em relação ao equilíbrio dinâmico, observou-se um declínio ao longo do período, o que aponta para a necessidade de acompanhamento contínuo e da adaptação de estratégias em faixas etárias mais avançadas.
Os resultados também mostraram avanços importantes na autonomia funcional, medida pelo Índice de Barthel, com aumento da proporção de idosos classificados como independentes. Quanto à cognição, avaliada pelo Mini-Exame do Estado Mental, houve declínio esperado para a idade, mas a intervenção revelou potencial de retardar perdas e, sobretudo, de enriquecer a experiência cotidiana dos residentes. Esses achados reforçam que, mesmo diante dos limites do envelhecimento, a gerontopsicomotricidade contribui de forma prática para a preservação da autonomia e da qualidade de vida.
A dimensão do vínculo
Outro aspecto fundamental da gerontopsicomotricidade é a dimensão relacional. Cada atividade psicomotora representa não apenas um exercício físico, mas uma oportunidade de encontro. O olhar atento, o gesto que orienta e a escuta que reconhece a história pessoal são tão importantes quanto a técnica aplicada. Essa dimensão reforça que o cuidado institucional deve ser também afetivo e relacional, permitindo que os idosos se percebam como sujeitos ativos, pertencentes e reconhecidos em sua singularidade.
Ao integrar movimento e vínculo, a prática psicomotora contribui para a autoestima e para a preservação da identidade, fortalecendo a experiência comunitária dentro das ILPIs.
Gerontopsicomotricidade e tecnologia: onde o cuidado encontra o futuro
Transformar esse conhecimento em planos de cuidado integrados e consistentes é um dos grandes desafios das ILPIs brasileiras. A tecnologia tem um papel estratégico nesse processo. O Elos by Gero, coração do ecossistema digital da Gero360, foi desenvolvido justamente para apoiar equipes de cuidado em sua rotina. Nossa plataforma orientada à gestão de ILPIs organiza dados clínicos, funcionais e emocionais, facilitando a comunicação entre profissionais de diferentes áreas e possibilitando a construção de planos individualizados e centrados na pessoa idosa.
Essa integração amplia o potencial da gerontopsicomotricidade, tornando-a ainda mais eficaz dentro de uma prática de cuidado inovadora e humanizada. Ao lado da tecnologia, a abordagem psicomotora encontra terreno fértil para se consolidar como um recurso que articula ciência, sensibilidade e impacto social.
No vídeo em destaque, Danielle Soares, psicóloga e pesquisadora da Gero360, apresenta o passo a passo para a aplicação Mini-Exame do Estado Mental, exemplificando como uma avaliação cognitiva pode ser instrumentada com respeito pela pessoa idosa. Essa demonstração em vídeo é parte da Central do Conhecimento Gero360, plataforma de conteúdos formativos que integra nosso ecossistema de gestão para ILPIs, e reforça o cuidado centrado na pessoa idosa, aliado à competência técnica e à empatia, como um dos pilares do que acreditamos na Gero360.
Caminhos para o futuro
O futuro do cuidado institucional passa pela integração entre conhecimento científico, práticas relacionais e inovação tecnológica. A gerontopsicomotricidade, apoiada por ferramentas como o Elos by Gero, representa um passo decisivo nessa direção, contribuindo para uma longevidade mais ativa, com autonomia preservada, relações fortalecidas e planos de cuidado verdadeiramente centrados no indivíduo.
Cada passo dado por um idoso em uma atividade psicomotora é mais do que movimento, é afirmação de vida. Nesse horizonte, a gerontopsicomotricidade se torna não apenas uma prática clínica, mas uma linguagem que traduz, em gestos e vínculos, o que significa viver a longevidade.