De 29 de junho a 5 de julho, será realizada a Semana Mundial da Alergia 2025 — uma iniciativa global promovida pela World Allergy Organization (WAO) com o objetivo de ampliar o conhecimento e a prevenção das doenças alérgicas em diferentes faixas etárias. Neste ano, o foco recai sobre um tema de urgência e alta relevância clínica: a Anafilaxia, uma reação alérgica grave, de rápida progressão e potencialmente fatal.
Embora frequentemente associadas à infância e à juventude, processos inflamatórios e alérgicos também afetam adultos mais velhos — e, nesse grupo, os riscos são frequentemente subestimados. Por conta das comorbidades, do uso simultâneo de diversos medicamentos (polifarmácia) e das mudanças naturais no sistema imunológico, as pessoas idosas podem apresentar sinais atípicos de alergia, o que dificulta o diagnóstico e aumenta sua vulnerabilidade frente à anafilaxia. Nesse contexto, torna-se fundamental promover o reconhecimento precoce, a conduta adequada e ações preventivas, valorizando especialmente o papel de cuidadores, familiares e profissionais de saúde na resposta rápida e no cuidado contínuo.
Anafilaxia: Uma Ameaça Prevenível
- Pele: Urticária, inchaço (angioedema), vermelhidão, coceira.
- Respiratório: Dificuldade para respirar, chiado no peito, tosse, inchaço da garganta, voz rouca.
- Gastrointestinal: Náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal.
- Cardiovascular: Queda da pressão arterial, tontura, desmaio, pulso fraco e rápido.
- Outros: Ansiedade, confusão, sensação de morte iminente.
Causas Comuns de Anafilaxia
- Amendoim, nozes, leite, ovos, peixe, frutos do mar, trigo e soja.
- Medicamentos: Antibióticos (especialmente penicilina), anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), relaxantes musculares.
- Picadas de insetos: Abelhas, vespas, marimbondos, formigas.
- Látex: Presente em luvas, balões, preservativos.
- Exercício: Em alguns casos, a anafilaxia pode ser desencadeada pelo exercício, às vezes em combinação com a ingestão de certos alimentos.
Tratamento e Prevenção
Alergias na Terceira Idade: Um Olhar Especial para a População Geriátrica
- Polifarmácia: Idosos frequentemente utilizam múltiplos medicamentos, o que aumenta o risco de reações alérgicas a fármacos. Medicamentos para hipertensão, diabetes e doenças cardíacas são causas comuns de alergias nesta faixa etária [4].
- Alterações no Sistema Imunológico: O envelhecimento pode levar a uma diminuição da resposta imune, o que pode mascarar ou alterar a apresentação de reações alérgicas, tornando o diagnóstico mais difícil.
- Comorbidades: Doenças crônicas preexistentes, como doenças cardíacas e asma, podem agravar a anafilaxia e outras reações alérgicas em idosos, aumentando o risco de complicações graves [5].
- Sintomas Atípicos: Os sintomas de alergia em idosos podem ser menos óbvios ou atípicos, sendo confundidos com outras condições médicas comuns na terceira idade.
Anafilaxia em Idosos
Conclusão
A Semana Mundial da Alergia 2025, ao destacar a anafilaxia como tema central, reforça a necessidade de ampliar o conhecimento sobre reações alérgicas graves em todos os ciclos da vida — com ênfase especial na população idosa, cuja apresentação clínica pode ser atípica e o risco de complicações significativamente elevado.
A sensibilização da sociedade e dos profissionais de saúde para o manejo adequado da anafilaxia em pessoas idosas é um passo estratégico na prevenção de desfechos adversos. O reconhecimento rápido dos sinais, a disponibilidade de epinefrina e a definição de um plano de ação personalizado são elementos-chave para garantir uma resposta eficaz diante de emergências alérgicas.
No contexto do cuidado gerontológico, a abordagem deve ser multidimensional: integrando o rastreamento sistemático, a revisão periódica de medicamentos, a educação de cuidadores e a adoção de estratégias preventivas que preservem a autonomia e a segurança da pessoa idosa.
Conscientizar é, também, qualificar o cuidado. Ao ampliar a compreensão sobre a anafilaxia e suas particularidades na maturidade, contribuímos para práticas mais seguras, resolutivas e alinhadas à complexidade do envelhecimento.
Referências