Alberta Hunter: O Recomeço da Voz e do Cuidado

alberta hunter

O que acontece quando alguém decide recomeçar aos 82 anos? A história de Alberta Hunter responde com música. Cantora e compositora de blues, nascida em 1895, Hunter foi uma das vozes mais marcantes do jazz nas décadas de 1920 e 1930. Após percorrer os palcos do Harlem, gravar discos e cantar para tropas durante a Segunda Guerra Mundial, ela abandonou a vida artística para trabalhar como enfermeira. Duas décadas depois, quando muitos esperariam apenas o descanso, Hunter voltou ao microfone e viveu um renascimento artístico que ainda inspira. Sua trajetória é um convite à reflexão sobre longevidade, cuidado e a capacidade humana de recomeçar.

Alberta Hunter — Aos 82, Um Novo Começo

Alberta Hunter nasceu em 1895, em Memphis, Tennessee, em uma família modesta. Aos 12 anos, deixou a casa dos pais e mudou-se para Chicago, onde começou a cantar em clubes noturnos, iniciando sua trajetória musical no blues e no jazz. Nas décadas de 1920 e 1930, conquistou fama como intérprete, gravando com músicos renomados e integrando a cena cultural do Harlem ao lado de grandes nomes, como Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald.

Durante as décadas de 1940 e 1950, reduziu gradualmente suas apresentações, embora tenha continuado a se apresentar para as tropas durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1957, após a morte da mãe, decidiu abandonar a carreira artística e dedicar-se à enfermagem, trabalhando sob seu nome verdadeiro, Josephine Beatty. Entre 1957 e 1977, atuou em hospitais de Nova York, cuidando de pacientes e desenvolvendo uma segunda vida marcada pelo serviço silencioso e comprometido com o cuidado.

Na década de 1970, ao ser forçada a se aposentar do hospital, Alberta Hunter, então com 82 anos, retomou os palcos. Sua residência no club Cookery, em Nova York, foi um sucesso, e ela voltou a gravar discos, participar de programas de televisão e realizar turnês internacionais. Hunter faleceu em 17 de outubro de 1984, aos 89 anos, deixando o legado de duas vidas plenamente vividas: a da música e a do cuidado.

Inspirações para o Dia a Dia nas ILPIs

Pequenas ações inspiradas na trajetória de Alberta Hunter podem enriquecer a rotina de ILPIs, criando vínculos afetivos e estimulando a memória:

  • Sessões de audição comentada — Escolher 2 ou 3 canções de Alberta Hunter e compartilhar com os residentes, contando sua história antes de tocar.
  • Roda de canções da vida — Convidar cada residente a escolher e contar a história de uma música importante para sua trajetória.
  • Celebração de recomeços — Criar pequenos rituais para reconhecer quem retomou uma atividade (pintura, leitura, canto).
  • Formação rápida para equipes — Em encontros de 30 minutos, discutir como música e narrativa podem ser integradas ao cuidado diário.

Essas práticas simples, de baixo custo e curtas, fortalecem vínculos afetivos, memória e autoestima, assim como Hunter valorizou sua própria história ao retornar à música.

Convite à Reflexão

A vida de Alberta Hunter mostra que não existe idade certa para criar ou se reinventar. Ao trocar o microfone pelo jaleco, viveu plenamente uma segunda vocação: cuidar de pessoas. Quando retornou à música, trouxe para o palco a experiência de quem conhece a dor, a cura e o valor da presença. Sua trajetória é um lembrete de que envelhecer não significa esvaziar-se de possibilidades — significa reunir as peças para criar algo novo, resgatar a própria voz e inspirar outros ao redor.

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