A arteterapia para idosos é um método que tem sido utilizado por Instituições de Longa Permanência para a promoção do bem-estar físico e mental dos seus residentes.
A fim de estimular o corpo e a mente através da arte, a arteterapia é uma prática que utiliza diversas expressões artísticas, como pintura, música e colagem, como caminho de expressão simbólica e reconstrução de sentido na vida cotidiana.
De forma lúdica, ao estimular corpo e mente por meio da arte, a arteterapia possibilita que traumas, medos, conflitos internos e outras emoções difíceis sejam externadas através da prática artística. Além disso, este tipo de terapia diminui estresse e ansiedade, estimula a criatividade e o desenvolvimento das atividades cognitivas dos idosos.
O que é arteterapia?
De acordo com a União Brasileira de Associações de Arteterapia (UBAAT), a arte terapia é “o uso da arte como base de um processo terapêutico (…) que visa propiciar mudanças psíquicas, assim como a expansão da consciência, a reconciliação de conflitos emocionais, o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal”.
Ainda, de acordo com a UBAAT, este processo terapêutico visa estimular o crescimento interior, abrir novos horizontes e ampliar a consciência do indivíduo sobre si e sobre sua existência. Na arteterapia, o foco não está na estética, mas na expressão simbólica espontânea, que permite ao participante elaborar sentimentos e experiências de modo criativo e autêntico. A arte, nesse contexto, atua como mediadora de um processo transformador para a saúde, favorecendo pertencimento, vínculo e sentido.
Embora a arte seja uma expressão milenar, os primeiros indícios da arteterapia surgiram no século XIX, pelo médico alemão Johann Reil, que utilizou formas artísticas, como desenhos, sons e textos, para um procedimento terapêutico com finalidade psiquiátrica. Ao longo dos anos, outros nomes, como Jung, também passaram a trabalhar com a arte como uma forma de atividade que que poderia expressar a personalidade do indivíduo.
No Brasil, a médica psiquiatra Nise da Silveira tornou-se reconhecida pela sua contribuição ao tratamento mental no país e pelo seu pioneirismo na adoção de práticas terapêuticas diferenciadas, como o estímulo à expressão artística e a interação de seus pacientes com animais.
+ Saiba mais sobre o trabalho de Nise da Silveira no texto: Dicas de filmes com mulheres empoderadas
Evidências científicas recentes
Um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde em 2019 mostra que o envolvimento com a arte pode trazer benefícios para a saúde mental e física do indivíduo. A pesquisa “Quais são as evidências sobre o papel da arte na melhoria da saúde e do bem-estar?” analisou atividades artísticas que buscam promover a saúde, lidar e tratar problemas físicos e mentais, além de apoiar os cuidados no final da vida.
O relatório expõe que, quando associadas aos serviços de saúde, as atividades artísticas podem ser usadas para completar ou aprimorar os protocolos de tratamento. Entre os resultados mais consistentes observados em populações idosas estão:
- Redução da ansiedade, dor e pressão arterial, em atividades como música e artesanato;
- Melhora da coordenação motora fina e da função cognitiva, em práticas como pintura, modelagem e colagem;
- Aumento da autoestima e do senso de pertencimento, especialmente em atividades realizadas em contextos grupais;
- Fortalecimento da memória autobiográfica e do vínculo social, por meio da criação compartilhada e da troca de experiências.
- Melhorias na capacidade motora de pessoas com doença de Parkinson a partir de práticas de dança.
Em ILPIs, esses efeitos se refletem diretamente na funcionalidade, autonomia e engajamento social dos residentes, indicadores essenciais para uma longevidade ativa e saudável.
Benefícios da arteterapia para idosos em ILPIs
A arteterapia pode ser praticada por crianças, adolescentes, adultos, idosos, por pessoas com necessidades especiais, enfermas ou saudáveis. Além disso, a arteterapia para idosos pode ser realizada individualmente ou em grupos, com a orientação de profissionais da área, que demonstram como executar as atividades e acompanham os indivíduos na confecção ou execução do trabalho.
Entre os tipos de arteterapia que podem ser aplicadas na sua ILPI, estão:
- Pintura e desenho, para favorecer a expressão emocional e a coordenação motora;
- Modelagem em argila ou massa, que estimula o tato e o senso de criação;
- Colagens e mandalas, que trabalham foco e integração sensorial;
- Oficinas de música e canto coral, com impacto positivo na cognição e no humor;
- Teatro e contação de histórias, como estratégia de resgate de memórias e fortalecimento da identidade.
Além do efeito terapêutico, essas atividades ampliam o sentimento de comunidade, valorizam a história de vida de cada residente e fortalecem o vínculo entre equipe e residentes, dimensões essenciais para o cuidado integral.
Para saber mais sobre os benefícios da arteterapia para idosos, recomendamos a entrevista com a Cristiane Pomeranz, arteterapeuta e mestre em gerontologia social, no canal do Portal do Envelhecimento. Clique abaixo e confira:
Referências:
União Brasileira de Associações de Arteterapia
Relatório OMS: https://www.euro.who.int/en/publications/abstracts/what-is-the-evidence-on-the-role-of-the-arts-in-improving-health-and-well-being-a-scoping-review-2019
Arteterapia – Infoescola: https://www.infoescola.com/medicina-alternativa/arteterapia/
Contribuições da arteterapia para promoção da saúde e qualidade de vida da pessoa idosa. Revista Brasileira De Geriatria E Gerontologia, 23(4), e200173. https://doi.org/10.1590/1981-22562020023.200173
