Doença de Parkinson na terceira idade: dicas e cuidados

Homem idoso com expressão séria ao centro, com efeitos de movimento borrado dos lados, simbolizando os impactos neurológicos da Doença de Parkinson.

Nesta data, a Gero360 convida profissionais da saúde, cuidadores e familiares a refletirem sobre os desafios vividos por pessoas com Doença de Parkinson — uma condição neurodegenerativa progressiva que compromete significativamente a qualidade de vida.

Mais do que conhecer os sintomas e garantir o diagnóstico e o acesso ao tratamento, é fundamental promover o debate sobre estratégias de cuidado que preservem a autonomia, favoreçam o bem-estar e assegurem um envelhecimento digno, respeitando a singularidade de cada trajetória.

Como oferecer mais conforto e qualidade de vida à pessoa com Parkinson na terceira idade?

A Doença de Parkinson é uma condição neurológica crônica e progressiva que afeta mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Somente nos Estados Unidos, estima-se que quase 1 milhão de pessoas convivam com a doença — número que pode ultrapassar 1,2 milhão até 2030¹. Embora os sintomas motores, como tremores, rigidez e lentidão nos movimentos, sejam os mais conhecidos, os impactos do Parkinson estendem-se muito além do sistema motor: a fala, a cognição, o equilíbrio emocional e a autoestima também são profundamente afetados.

Com o avanço da doença, novos desafios se impõem à pessoa idosa, à sua rede de apoio e às equipes de saúde. Por isso, o cuidado não pode se limitar ao controle dos sintomas. É fundamental adotar uma abordagem integral, que reconheça a pessoa para além do diagnóstico, valorizando sua história, seus vínculos e seus projetos de vida.

 

Cuidado centrado na pessoa: mais do que tratar, é acolher

No cuidado à pessoa idosa com Doença de Parkinson, uma abordagem interdisciplinar e centrada na pessoa é essencial para enfrentar os múltiplos desafios impostos pela progressão da doença. Trata-se de uma condição que afeta não apenas os sistemas motores, mas também aspectos cognitivos, emocionais e sociais do envelhecimento.

Nesse contexto, o cuidado não deve se limitar ao manejo clínico dos sintomas, mas envolver uma escuta ativa e qualificada que reconheça a trajetória de vida do indivíduo, seus valores, crenças e desejos. O atendimento torna-se, então, um espaço terapêutico de corresponsabilidade, onde profissionais e cuidadores constroem, junto à pessoa idosa, estratégias que promovam autonomia funcional, conforto emocional e qualidade de vida em todas as suas dimensões.

5 pilares para promover conforto e bem-estar à pessoa idosa com Parkinson​

A Doença de Parkinson impõe desafios que transcendem os sintomas motores e exigem um cuidado que valorize a singularidade de cada indivíduo. A seguir, apresentamos cinco pilares fundamentais que, quando integrados à prática assistencial, contribuem significativamente para a promoção da qualidade de vida e do conforto da pessoa idosa com Parkinson.

1. Adaptação do ambiente físico e social

A modificação do ambiente é uma estratégia de intervenção essencial para reduzir riscos e preservar a autonomia funcional. Barreiras arquitetônicas devem ser eliminadas sempre que possível: a instalação de barras de apoio, remoção de tapetes soltos, organização acessível de mobiliário e iluminação adequada são medidas simples, porém eficazes, para prevenção de quedas e acidentes.

No plano social, a adaptação passa pelo acolhimento. Respeitar o tempo, as pausas e os silêncios da pessoa idosa é um gesto terapêutico. A escuta empática e o suporte emocional fortalecem o sentimento de pertencimento e estimulam vínculos que contribuem para o enfrentamento da doença.

 

2. Rotinas que respeitam os limites e promovem autonomia

A estruturação de uma rotina personalizada é um recurso terapêutico que contribui para o bem-estar físico e emocional da pessoa idosa com Parkinson. Estabelecer horários regulares para atividades como alimentação, medicação, exercícios e momentos de lazer ajuda a reduzir o estresse, favorece a aderência ao tratamento e estimula a independência.

Mais do que seguir uma agenda rígida, trata-se de construir um cotidiano significativo, que respeite os limites do corpo, valorize os interesses da pessoa idosa e permita pausas necessárias. A rotina deve ser adaptável, capaz de acolher os dias de maior lentidão sem gerar frustração — e, acima de tudo, deve ser construída em parceria com quem vive a experiência do Parkinson.

 

3. Apoio psicológico e afetivo contínuo

A vivência com Parkinson pode desencadear sentimentos de frustração, isolamento e medo diante da progressão da doença. Assim, o suporte emocional torna-se parte indispensável do cuidado integral.

A psicoterapia, o estímulo à expressão emocional e a manutenção de vínculos afetivos atuam na prevenção de quadros depressivos e ansiosos. O acompanhamento próximo e atento de profissionais e familiares é essencial para que a pessoa idosa se sinta validada em suas experiências e amparada diante das incertezas do diagnóstico.

 

4. Equipe de saúde integrada com escuta ativa

O cuidado à pessoa idosa com Parkinson deve ser conduzido por uma equipe interdisciplinar, composta por profissionais das áreas de neurologia, geriatria, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, entre outras.

A integração entre essas áreas não deve ser apenas técnica, mas também relacional. O trabalho conjunto, baseado na escuta ativa e na construção compartilhada de planos terapêuticos, assegura que as intervenções respeitem os desejos, os limites e o protagonismo da pessoa idosa em seu processo de cuidado.

 

5. Tecnologias assistivas como aliadas do cuidado

As tecnologias assistivas são ferramentas essenciais para a autonomia da pessoa idosa. Talheres adaptados, andadores com suporte postural e softwares de comunicação alternativa são exemplos que atendem às necessidades individuais e promovem mais independência no dia-a-dia.

Na Gero360, compreendemos que a tecnologia deve estar a serviço da humanização do cuidado, integrando-se de forma ética e sensível à rotina da pessoa idosa.

Envelhecer com dignidade: um compromisso coletivo

A Doença de Parkinson, com suas múltiplas manifestações clínicas e impactos psicossociais, demanda uma resposta ampla e coordenada de todos os atores envolvidos no cuidado: profissionais, cuidadores, familiares e instituições.

Ao unirmos conhecimento técnico, sensibilidade clínica e compromisso ético com a dignidade da pessoa idosa, criamos condições reais para um envelhecimento ativo, participativo e respeitoso — mesmo diante das limitações impostas por uma condição neurológica progressiva.

O cuidado integral não é uma utopia: é uma escolha diária de ver no outro não a doença, mas a pessoa inteira que permanece, sente, deseja e merece ser cuidada com humanidade.

 

 

Referências:

¹ Parkinsons’s Foundation. Disponível em: https://www.parkinson.org/understanding-parkinsons/statistics

Sobre a Gero360

Nosso propósito é aliar conhecimento e tecnologia para inspirar indivíduos, estimular comportamentos e relacionamentos voltados para o cuidar de si e para o cuidar do outro com simplicidade, dedicação e amor.

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