A pandemia do coronavírus e o isolamento social trouxeram impactos para a saúde mental e física da população. Em especial, para a saúde mental dos idosos e de outras pessoas que se enquadram nos grupos de risco para a COVID-19. A solidão causada pelo distanciamento social, somada à incerteza em relação aos riscos da doença e à vulnerabilidade do indivíduo, fizeram com que os casos de depressão e de ansiedade disparassem entre esta parcela da população.
No Brasil, o mês de janeiro é dedicado à conscientização sobre a saúde mental. Em 2021, a campanha conscientização, denominada “Todo Cuidado Conta”, chamou a atenção para os impactos da pandemia. Por isso, neste post, falaremos sobre como o cenário atual afetou a saúde mental do idoso e como podemos amenizar seus impactos para promover o bem-estar do indivíduo 60+.
O impacto da COVID-19 na saúde metal dos idosos
O fenômeno de envelhecimento da população brasileira traz destaque para a necessidade de atenção especial ao tratamento dos idosos nos serviços de saúde e ações específicas para promover a qualidade de vida e o envelhecimento saudável. Sem dúvida, com a pandemia, essa necessidade torna-se ainda mais evidente.
Pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) entrevistaram 1.460 pessoas em 23 estados e todas as regiões do Brasil. Os resultados da pesquisa indicam que os casos de depressão praticamente dobraram durante o isolamento, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80% nesse período.
Dentre os fatores de risco relacionados à ansiedade e ao estresse na quarentena, estão: alimentação desregrada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e a necessidade de sair de casa. Já para depressão, os principais fatores são: idade mais avançada, ausência de crianças em casa, baixo nível de escolaridade e a presença de idosos no ambiente doméstico.
Neste contexto, observa-se uma combinação de fatores – como a privação da liberdade somada à falta de contato físico e de proximidade com a família – que tornam a pessoa idosa mais vulnerável à ansiedade, ao estresse e à depressão durante a pandemia.
Sinais e sintomas
Conforme pontuado por Liliane Rapozo, neuropsicóloga da Geriatre, “uma das tarefas dos profissionais que atuam com a saúde mental, sobretudo de pessoas idosas, é saber diferenciar as queixas relacionadas com a memória no processo envelhecimento normal das queixas relacionadas às possíveis patologias”.
É importante ressaltar que manifestações atípicas no comportamento do idoso, principalmente as que trazem alterações funcionais e sofrimento emocional, são merecedoras de atenção e avaliação. Nesse sentido, listamos abaixo alguns sinais que podem indicar alterações na saúde mental:
- Sentimentos de tristeza, desânimo, pensamento negativo;
- Mudanças significativas de comportamento e perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas;
- Insônia ou excesso de sono;
- Alterações no apetite, com perda ou ganho de peso;
- Dificuldade maior de concentração, de raciocínio e perda de memória;
- Pensamento recorrente de morte; manifestação de desejo de morrer e falta de perspectiva.
Recomendações e atividades para diminuir os impactos na saúde mental
1) Empatia: exercitar a empatia é fundamental para promover uma real reflexão sobre o envelhecimento e seus impactos em nossas vidas. No caso da saúde mental dos idosos, se colocar na situação do indivíduo e entender como os impactos deste contexto; se aproximar do idoso e incentivar o diálogo; compreender os medos e avaliar como eles podem ser minimizados são algumas ações que ajudam no enfrentamento dos impactos psicológicos.
2) Atendimento profissional: caso os sinais persistam, o apoio de um profissional especializado é essencial para definir o melhor tratamento. Dessa forma, é possível evitar que os impactos psicológicos no idoso sejam ainda mais nocivos à sua saúde.
3) Vida social: o fortalecimento das redes do idoso é uma fonte importante de apoio. Por isso, é fundamental empregar esforços para amenizar a distância, utilizando ferramentas e ações que promovam o afeto. Além disso, no texto “A vida social dos idosos”, mostramos que relações saudáveis protegem o nosso corpo e o nosso cérebro. Clique aqui e confira.
4) Rotina: para quem lida com o cuidado do idoso, seja em ILPIs ou no cuidado familiar, a rotina faz toda a diferença na manutenção da qualidade de vida do indivíduo. Por isso, manter uma rotina regular e saudável; realizar atividades prazerosas; estimular a manutenção dos laços sociais; acolher e passar segurança são fatores que ajudam a evitar problemas de saúde mental nos idosos.
Leia + sobre a importância do atendimento psicológico para idosos
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Fontes:
- “Transtorno Mentais em Idosos” – Liliane Rapozo, neuropsicóloga da equipe Geriatre
- “Depressão em idosos: pouco recorrente, mas de forte impacto social” – Matéria do Jornal Estadão
- Pesquisa da Uerj indica aumento de casos de depressão entre brasileiros durante a quarentena – Uerj.b
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